quinta-feira, 18 de março de 2010

Ritmos da Cidade

O semestre começou em greve na UnB. Eu, que depois de três meses, já estava empolgada para o volta à aulas, tive que me conformar com mais um longo período de ócio.
Não que esse tempo seja necessariamente ruim. De jeito nenhum. Só acho que devo tomar cuidado para não deixar esse tempo correr sentada em frente ao computador (navegando sem sair do lugar) ou madrugar todos os dias e, consequentemente, acordar tarde. Já levanto com menos disposição e me sinto mal de perder as manhãs e ter os dias encurtados. É uma reação em cadeia; deixo de realizar tudo oq queria no dia, como exercício físico, por exemplo e depois, noto o efeito da falta de sono no meu corpo.

"Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e está lacuna é tudo." (Dom Casmurro, Machado de Assis)

Eu adoro sair com os amigos, para dançar, bater papo e me divertir, mas é bom passar um tempo em casa também e cultivar uma vida interior. Hoje em dias, as pessoas projetam muito as suas vidas na de outra pessoa, do ciclo social e se esquecem de que elas também podem ser uma boa companhia para si. As pessoas têm medo do tédio, do 'não fazer nada', do silêncio. Elas se esquecem que é daí que nascem coisas grandiosas. Vivemos em uma era que abortou o tempo vazio, aquele que não é preenchido com o consumo de imagens, sons, impressões. Vemos e vivemos tantas coisas, mas não absorvemos metade disso. Não há mais tempo de reflexão, de filtragem, somente de tédio... Acabamos nos submetendo a uma rotina estressante, sem muitas perspectivas, pq não paramos para nos questionar oq realmente esperamos de tudo aquilo.
Há tantas coisas que me preenchem, me fazem bem, como ouvir com atenção uma música que gosto, fazer minha aula de dança, ouvir uma boa história, olhar o horizonte.
Aiai, sociedade frenética!
O silêncio é realmente algo que constrange. Para preenchê-lo, acabamos falando abobrinhas, desgastamos a língua potuguesa o tempo todo. Não reconhecemos as sutilezas de uma troca de olhares, de uma pausa, sem troca de palavras. Isso diz tanto sem ter dito nada.
Bom, deixemos esse silêncio reinar às vezes... se é que isso é possível com o ritmo das coisas né?

Bom, é isso...desculpem pelo desabafo. Hasta la vista!

música de fundo: Sur le fil - Yann Thiersen.

4 comentários:

  1. silêncio bolha
    e silêncio contato
    eu sozinho sou dois
    eu comigo
    conspiro contra minhas consciências
    eu sem mim na multidão sou um
    grão na massa
    gota de colírio
    nos olhos cegos da cidade
    dead end roads
    chuva num para-brisas
    repelindo
    relendo a caligrafia torta
    da água em meus óculos

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  2. (fiz essa parada agora, não a julgue mal, please.)

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  3. bravo!
    pq eu a julgaria mal?
    é esse o espírito da coisa, vc pegou...:]

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  4. É por isso que nós temos as mais brilhantes idéias no banho ou antes de dormir, é a meditação, o momento a sós com nossas inteligências^^

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